Os números podem mentir?
Há na estatística um conceito interessante, que pode explicar várias situações cotidianas.
1. Experimento com moedas
Imagine a realização de um experimento de cara ou coroa. Sabe-se que, em decorrência de uma moeda possuir apenas dois lados, têm-se 50% de chance de sair cara e 50% de chance de sair coroa.
Porém, se experimentássemos tirar cara ou coroa apenas 4 vezes, seria possível extrair 3 caras e 1 coroa. Nesse sentido, teríamos 75% de chance de sair cara e 25% de chance de sair coroa. O que aconteceu com os 50% então?
Assim, um conceito importante da estatística chamado de “Lei dos grandes números” vem para explicar e revelar algo interessante: quando possuímos um número de elementos reduzido, tais elementos tendem a desempenhar um resultado aleatório. Por conseguinte, poderíamos encontrar 75% de caras, 40% ou até mesmo 20%.
Entretanto, essa lei diz que se fizéssemos o experimento um número “n” expressivo de vezes, como 100, o percentual tenderia a convergir para o seu resultado médio de 50%.
2. Qual a sua aplicação em outras áreas da vida?
Extrapolando esse conceito para outras áreas da vida, podemos pensar em um estudante que realiza 10 questões de português e obtém um desempenho de 60%. Nesse contexto, ele poderia pensar que não está bem em português, mas o quão verídico este resultado seria? Pode ser que fosse uma prova difícil, e por isso o desempenho dele, que costumava ser, por exemplo, 80%, agora caiu para 60%.
Contudo, se 100 questões de português fossem realizadas, os números não iriam “mentir”. Eles tenderiam a representar a realidade.
Dessa forma, frente a uma situação de “fracasso” ou desempenho ruim em uma determinada atividade, como um pace insatisfatório em uma corrida, uma nota baixa em uma prova, uma entrevista de emprego que não deu certo, um relacionamento que não vingou, podemos lembrar da Lei dos grandes números.
Aquela situação, isoladamente, pode representar um outlier, mas quando realizamos a mesma atividade repetidas vezes, podemos confiar que aquele número representa, de fato, o nosso desempenho. Antes disso, nada de cantar derrota. Talvez a prática leve não só a perfeição, mas principalmente leve à verdade. E se só podemos gerenciar, aquilo que podemos medir, é necessário ter muito cuidado com os pequenos números.